O preço do leite volta a ser destaque na pecuária. Nos últimos meses o valor pago ao produtor tem aumentado bastante, devido a produção limitada. A escassez de produto tem gerado maior valorização e influenciado no poder de compra do produtor rural.

O preço do leite captado em maio e pago aos produtores em junho registou forte alta de 8% na Média Brasil, indo para R$ 2,201/litro. Esse valor de junho ficou 34,9% acima do registrado no mesmo período do ano passado. É um recorde para o mês, destaca o levantamento feito pelo Cepea.

Ainda segundo o Cepea, o aumento é resultado da oferta limitada de leite no campo. Durante o outono e inverno, o menor volume de chuvas prejudica a qualidade das pastagens e, consequentemente, a alimentação volumosa do rebanho.

Para evitar quedas bruscas na produção de leite, a alimentação concentrada é fundamental. Contudo, neste ano, além de a seca ter sido mais intensa, a expressiva elevação do preço do concentrado tem dificultado os investimentos na atividade. Reforçado assim a menor produção de leite nos últimos meses.

Poder de compra do produtor

Pesquisas do Cepea mostram que o concentrado subiu 4,4% de abril para maio, influenciado pela valorização nos mercados de grãos, que segue aquecido. O poder de compra do pecuarista leiteiro frente ao milho em maio caiu pelo quinto mês consecutivo. No mês, foram necessários 49,46 litros para adquirir uma saca de 60kg de milho. Além do concentrado, outros insumos também encareceram em 2021, como a suplementação mineral, adubos e corretivos.

É importante reforçar que a elevação nos preços dos derivados não significou demanda aquecida. As negociações de lácteos seguiram pressionadas pelos canais de distribuição, já que as cotações estão em patamares elevados, e a demanda está fragilizada, por conta do menor poder de compra de grande parcela da população brasileira.